Departamento de Justiça mostrou "erros" na acusação de ex-diretor do FBI
- 17/11/2025
Numa decisão de 24 páginas, o juiz William Fitzpatrick ordenou aos procuradores que forneçam aos advogados de defesa todos os materiais do caso relativos ao grande júri que indiciou Comey em setembro.
Segundo o juiz, o processo inclui "declarações jurídicas fundamentalmente erradas" por um procurador ao grande júri, irregularidades inexplicáveis na transcrição dos procedimentos deste e ainda o uso de comunicações potencialmente privilegiadas durante a investigação.
"O Tribunal reconhece que o pedido da defesa raramente é concedido. (...) No entanto, os autos apontam para um padrão perturbador de graves erros de investigação, erros que levaram um agente do FBI e um procurador a comprometer potencialmente a integridade do processo do grande júri", escreveu Fitzpatrick.
A decisão é a avaliação mais contundente feita por um juiz sobre as ações do Departamento de Justiça que levaram à acusação de Comey, o primeiro de três acusados pela procuradoria após pressão do Presidente Donald Trump.
O ex-diretor da agência federal de investigação criminal declarou-se inocente a 08 de outubro de acusações de obstrução de um inquérito e falsas declarações ao Congresso e a 21 de outubro o seu advogado anunciou que iria pedir a retirada das acusações, argumentando que foram motivadas por um desejo de vingança, e incluíram a nomeação "ilegal" de um procurador por Trump.
"O Presidente Trump ordenou ao Departamento de Justiça que processasse o Sr. Comey por rancor pessoal e porque o Sr. Comey criticava frequentemente o Presidente pela sua conduta no cargo", refere a ação judicial da defesa.
"Sem nenhum procurador profissional disposto a cumprir estas ordens, o Presidente forçou publicamente o procurador-geral interino a demitir-se e instruiu a procuradora-geral a fazer 'justiça'", disse.
Comey foi acusado por um grande júri federal em Alexandria, estado da Virgínia, com base no seu depoimento ao Comité Judiciário do Senado em setembro de 2020 sobre a investigação do FBI às ligações entre a campanha presidencial de Trump em 2016 e a Rússia.
Tal como outros dois outros responsáveis já acusados, Comey foi mencionado numa mensagem de Trump à procuradora-geral, Pam Bondi, referindo adversários seus a investigar judicialmente, que o próprio Presidente publicou por acidente nas redes sociais, segundo noticiaram vários media.
Posteriormente apagada, a longa publicação de 20 de setembro era, segundo o Wall Street Journal, uma mensagem privada para Bondi, expressando insatisfação por não ver qualquer ação legal concreta contra os seus rivais políticos.
Referindo-se ao facto de ele próprio ter sido acusado e submetido a processos de destituição várias vezes, Trump exigia "justiça, agora!".
Trump afirmou ainda que nomearia Lindsey Halligan, conselheira da Casa Branca, para exercer as funções de procuradora no Distrito Leste da Virgínia, substituindo Erik Seibert, que acreditava não ter reunido provas suficientes para sustentar acusações criminais contra a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, após entrevistar dezenas de testemunhas.
James ganhou em 2024 em Nova Iorque um processo civil por fraude contra Trump, os seus filhos adultos e a sua imobiliária, tendo o julgamento sido marcado por acesas trocas de palavras entre o então pré-candidato presidencial republicano e a procuradora nova-iorquina.
Sem experiência como procuradora federal, Halligan apressou-se a apresentar o caso de Comey a um grande júri poucos dias depois de ser nomeada.
Durante a sua campanha eleitoral do ano passado, Trump expressou repetidamente o seu desejo, uma vez de regresso ao poder, de procurar vingança contra todos aqueles que considera inimigos pessoais.
Comey, de 64 anos, foi o primeiro destes indivíduos a ser acusado desde início do segundo mandato do republicano, a 20 de janeiro.
Além de Comey, também Letitia James foi acusada de fraude hipotecária pela procuradoria federal.
Posteriormente, o antigo conselheiro de segurança nacional de Donald Trump, John Bolton, foi alvo de acusações judiciais por uso indevido de informações confidenciais.
O Departamento de Justiça abriu também uma investigação ao senador democrata da Califórnia Adam Schiff, que promoveu o processo de destituição presidencial pelo Congresso, após o assalto ao Capitólio em janeiro de 2021, do agora reeleito Presidente.
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